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Remate intencional

  Imagine-se: um jogador, num dos raros momentos em que, por mérito próprio ou demérito alheio, tem alguns segundos para escolher o lado para onde vai rematar e lança a bola em arco ao poste mais distante. Seja golo ou … Continuar a ler

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Remate espontâneo

A expressão em análise é habitualmente utilizada para comentar a situação em que um jogador resolve rematar o mais rapidamente possível, com o objectivo de não permitir ou dificultar a reacção do oponente. É o que fez maravilhosamente Van Basten … Continuar a ler

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componente trabalhista ou Volta, Gabriel Alves, estás perdoado!

Durante o jogo Marítimo-Boavista, Joaquim Rita explica a entrada de um suplente: “vai entrar Paulo Sousa para reforço da componente trabalhista do meio-campo”. São frases destas que nos fazem ganhar uma semana, ao mesmo tempo que nos impedem de ver o jogo. Mas, na verdade, que interesse tem o futebol quando um homem põe a seus pés a língua portuguesa?

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remate intencional

 

         Muitos de nós, frequentadores de cafés, fazemos parte de uma família de conhecidos que até podem nem se cumprimentar. Sabemos que, ao entrar no café do costume, lá estarão as caras conhecidas do costume, com a bebida do costume ou outro costume qualquer. O mesmo se passa com ditos ou frases que façam parte de um jargão. Quando começa um jogo na televisão, pode adivinhar-se, com uma grande dose de certeza, quais as frases que o comentador vai proferir, ao longo do relato. Isto, tal como as caras conhecidas do café, pode significar o conforto do conhecido, mas também o enfado da repetição.

            Esta semana, re(ou)vi uma velha conhecida: um jogador chutou na direcção da baliza e o comentador considerou esse gesto um “remate intencional”. Com esta expressão, estamos praticamente no campo da psicologia: efectivamente, será que todo o remate à baliza é intencional? O jogador que tenta atingir a baliza terá a intenção de o fazer? Não será o remate a manifestação de outra realidade escondida no subconsciente do futebolista? Por outro lado, será possível um futebolista desculpar-se de um golo que marcou dizendo: “Eu rematei, mas foi sem intenção.” E será isso suficiente para ser perdoado? O mundo do comentário futebolístico é, na verdade, um território misterioso que vale a pena explorar.

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tentar surpreender

            Na Futebolândia fala-se, obviamente, futebolês. Também obviamente, é aos meios de comunicação social que cabe educar o povo futebolense, nomeadamente (só de advérbios de modo já levo dois cestos) no que respeita à aprendizagem da língua materna. Não sei se o mesmo se passa noutros países, mas a verdade é que no nosso cantinho temos três diários desportivos, dois canais codificados e outros dois que também transmitem jogos de futebol. Nós, futebolenses, só nos podemos queixar de sobre-educação, pois não nos faltam oportunidades para ler e ouvir pérolas escritas e ditas em futebolês.

            É essa a razão que nos leva a calar os nossos oponentes de mesa de café, com frases como “em equipa que ganha não se mexe” ou “a culpa é dos centrais”, a ponto de a língua portuguesa poder já ser considerada um dialecto do futebolês.

            Apenas porque adquiri alguma consciência linguística, vivo extasiado pelos tesouros do futebolês que nos são prodigalizados pelos comentadores de televisão, espécie que teve origem em Gabriel Alves, o Camões da Futebolândia. É porque quero chamar-vos a atenção para esse mundo maravilhoso que virei a esta tribuna perlar-vos com esse fraseado inconfundível que ondula pelo éter futebolense.

            A primeira de muitas é esta: o jogador, decerto imbuído de uma intenção malévola, resolve pontapear a bola em direcção à baliza da equipa adversária. Em muitos destes casos, ainda antes de sabermos se foi golo (o comentador futebolense é uma máquina de antecipação), ouvimos: “Fulano tenta surpreender o guarda-redes!” Quanta presciência está contida neste diamante! Aquilo que para nós, gente ignara, parecia um remate, afinal é uma tentativa de surpreender e é aqui que não podemos gostar de quem, no fundo, desrespeita um colega de profissão a ponto de se aproveitar de um segundo de alheamento de alguém que só porque não tem jeito para jogar futebol foi para guarda-redes. Ficamos mais descansados e voltamos a acreditar que há justiça no mundo quando ouvimos a mesma voz assegurar: “Mas o guarda-redes não se deixa surpreender!”. Ao mesmo tempo, ficamos a saber que nem sempre o guarda-redes é um sujeito distraído, disposto a deixar-se surpreender por essa gente rematadora.

            Posteriormente, na flash-interview (que é uma entrevista que pode ofuscar as vistas de uma pessoa), o guarda-redes dirá, orgulhoso: “Ele queria surpreender-me, mas eu não deixei, nem admito faltas de respeito.” Por outro lado, e pensando melhor (coisa que faço raramente), será sempre possível dizer-se, quando se sofre um golo: “Ele não me surpreendeu. Eu é que me deixei surpreender.” E por aí fora.

 

 

 

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