O fundamentalismo e a interpretação dos textos

El auge del fundamentalismo islámico se conecta para Eagleton con otra de sus obsesiones: ¿cómo leer o cómo no leer ficción o poesía? “El fundamentalismo de cualquier tipo es, esencialmente, un error que se comete en torno a la naturaleza de la lectura. Imagina que el significado de los signos se fija, inmutablemente, por los tiempos de los tiempos. Pero el hecho es que una marca cuyo significado no pudiera cambiar de un contexto a outro simplemente no seria un signo. Los signos deben ser transportados de una situación y acumular nuevos significados en colaboración com los signos que los rodean. Por eso no puede existir la lectura sin la interpretación.

Para Eagleton, “el fundamentalismo tiene sus raíces no en el odio, sino en el miedo, el miedo a un mundo moderno y siempre cambiante en que todo está en movimiento, donde la realidade s provisória y con un final no definido y donde las certezas y los pilares más sólidos parecen haber desaparecido. En este sentido, es la otra cara del posmoderismo.

Entrevista a Terry Eagleton, El Pais/Babelia, 06-08-2016

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O útil e o agradável

Las actividades más valiosas no tienen ningún propósito o función más allá de sí mismos: tocar música, hacer el amor, tomar vino, jugar con los hijos. Lo mismo se podría decir de los chistes. Es compartir la vida vida porque sí.

Terry Eagleton, El País/Babelia, 06-08-2016

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O Fim das Humanidades

 

O Fim das Humanidades

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As crianças precisam de artes e de histórias

 

Children need art and stories and poems and music as much as they need love and food and fresh air and play.

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Da obsessão utilitária à morte das humanidades

Quando, no mundo inteiro, as decisões sobre Educação se restringem aos custos, à empregabilidade e à criação de escravos, deixa de haver espaço para as letras e para as artes.

Las humanidades, cada vez más cerca de su fin: el STEM acabará muy pronto con ellas (Marta Jiménez Serrano)

The Morbid Fascination With the Dead of the Humanities (Benjamin Winterhalter)

The Real Reason the Humanities Are ‘in Crisis’ (Heidi Tworek)

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Leal coelha

Teresa Leal Coelho, especialista na modalidade de fuga em frente, deu uma entrevista ao Público. As suas declarações confirmam-na como um dos poucos exemplares de coelho de fila, mais um curioso cruzamento entre canídeos e roedores, com algum ADN suíno.

Com a desfaçatez de quem obedece, sempre leal, à ordem para morder, não se obriga a pensar e informa o povo de que os juízes do Tribunal Constitucional (TC) não têm condições para exercer o cargo, se não aceitarem ser criticados. A informação poderá ser preciosa, no dia em que os ditos juízes aceitarem ou rejeitarem as críticas de que foram alvo.

Parece-me evidente, por várias razões, que um juiz não faça comentários ao facto de um primeiro-ministro afirmar, por estar descontente com uma decisão, que é necessário escolher melhor os juízes do TC, tal como não terá nada a dizer acerca de uma deputada da nação que tem o desplante de afirmar que as decisões de um tribunal tiveram motivações políticas ou que houve juízes que “criaram a ilusão de que tinham uma visão filosófico-política que seria compatível com aquilo que é o projecto reformista que temos para Portugal no âmbito da integração na União Europeia.” As declarações do primeiro-ministro deverão ser ignoradas, uma vez que estão ao nível de um rapazola que chegou a presidente de um clube de futebol e põe a culpa nos árbitros; já Teresa Leal Coelho deveria ser obrigada a provar as afirmações que fez.

Para (re)conhecer Teresa Leal Coelho, vale a pena lembrar as suas passagens pelo Centro Cultural de Belém e pela administração do Benfica, no tempo de Vale Azevedo. Na primeira destas ligações, é possível encontrar, já completamente formados, o descaramento que lhe é tão útil e o desrespeito pelos juízes.

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Ratton expiatório

Não consigo resistir à vaidade de saber que sou co-responsável pela descoberta de mais uma entidade simbólica no interior da selva conceptual em que procuramos sobreviver, de modo mais ou menos racional.

A acreditar no google, a expressão “ratton expiatório” só existe num texto da minha autoria. Tenho de confessar que esta descoberta só foi possível graças à perseverança de Pedro Passos Coelho, o pecador contumaz que confunde um bode expiatório com este novo espécime.

É verdade que há dois aspectos que aproximam o bode e o Ratton: lidam com os pecados alheios e são escolhidos pelos pecadores.

A partir daqui, as diferenças são enormes. Com o bode é tudo mais simples: enviam-no para o deserto e aí morre, sepultando os pecados da comunidade. Por ser animal irracional e, portanto, privado de arbítrio, livre ou outro, não protesta: carrega as culpas alheias e bodeja uns lamentos incompreensíveis.

Ratton é bicho doutro calibre douto, o que o leva a pensar pelas suas próprias cabeças. Neste momento, o seu papel é ingrato, uma vez que é a única entidade que defende a Constituição, ou seja, os cidadãos, isto é, os valores da civilização ocidental.

Passos Coelho ainda tem as chaves do Estado e tem aproveitado os últimos três anos para assaltar o país. É também por isso que podemos entrever, com a ajuda da fonética, um outro valor simbólico: é Ratton que castiga os ratoneiros.

 

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A importância das palavras difíceis

 

Nem de propósito: ainda ontem, me indignava com a ideia de simplificar literatura em nome da vulgarização do saber e eis que, hoje, encontro um texto que inclui uma referência à importância das palavras difíceis:

(…) recordo-me sempre de quando lia Boa Noite, Ursinho! à minha filha mais velha. Na última história do livro, o Rato do Campo “toca tuba a noite toda”, impedindo os restantes animais do bosque de dormir. A situação leva-os ao desespero e então procuram o Castor, que promete ajudá-los a resolver o problema. Para tal, constrói uma harpa, cujo som é bem mais suave do que o de uma tuba e, quando lha oferecem, o Rato do Campo, maravilhado, exclama qualquer coisa agradável “colocando logo a sua tuba de lado”. Ora, estava eu, pela enésima vez, a ler esta história, já mais do que decorada, à media luz, visto que queria que ela dormise, quando me aconteceu o imperdoável: em vez de colocando, “li” “pondo logo a sua tuba de lado”. E diz-me a pequena, que na altura não tinha mais de dois anos: “Não é pondo, mamã, é colocando.”

Ora pois claro. Não é pondo. É colocando. (O pai ou a mãe que nunca tenha ouvido uma frase destas ponha o braço no ar!)

Há dois aspectos muito importantes nesta chamada de atenção que ela me fez. O primeiro é muito fácil de detectar: eu troquei uma palavra e ela, que sabia a história de cor, não perdoou e corrigiu-me. Mas o mais importante é analisar qual foi a palavra que eu troquei e qual utilizei em seu lugar.

Pôrcolocar são sinónimos – pelo menos no contexto em que eu os troquei. No entanto, a palavra colocar é mais difícil do que a palavra pôr. Ao fazer esta troca, eu reduzi o grau de dificuldade do texto – e não esqueçamos que é muito provável que isto me aconteça várias vezes ao longo da história, o que terá um efeito muito mau. E tem um efeito perverso pelo seguinte motivo: um dos principais benefícios de ler histórias às crianças é o que esta actividade implica em termos de alargamento vocabular.Se vamos substituir as palavras difíceis por palavras que utilizamos no dia-a-dia, estaremos a anular esta grande vantagem que a leitura diária pode representar.

Educar não é fugir dos caminhos difíceis; é ajudar a percorrê-los. Nada de novo, claro.

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Quando simplificar é desistir

Patrícia Secco decidiu simplificar “O Alienista” de Machado de Assis. Segundo a responsável por este projecto, as frases do escritor brasileiro têm “cinco ou seis palavras que não entendem [sic]”, para além de construções “muito longas”. Patrícia afirma, ainda, que a “ideia não é mudar o que ele disse, só tornar mais fácil.” A senhora parece desconhecer que, em literatura, as palavras escolhidas por cada autor são, no mínimo, tão importantes como o conteúdo que o autor pretende transmitir, asserção que, ainda assim, peca por simplista.

Há uns anos, Luísa Ducla Soares alinhou num projecto semelhante, ao publicar um livro em que reconta seis contos de Eça, recomendado pelo Plano Nacional de Leitura. No fundo, a escritora optou por retirar um escritor da sua própria obra, contribuindo para que os leitores do seu livro fiquem com a ilusão de que leram Eça.

(Não deixa de ser irónico que Eça e Assis, dois génios da literatura e antagonistas numa polémica célebre, se vejam reunidos em tão triste ocasião.)

Confrontada com as críticas ao seu projecto, Patrícia Secco contra-atacou, arvorando-se em defensora dos desfavorecidos, defendendo que estes poderão, finalmente, ler Machado de Assis, quando, na realidade, Machado de Assis já lá não está.

Finalmente, José Maria e Silva, para além de criticar o aberrante conceito de simplificação, demonstra que Patrícia Secco nem sequer percebeu o texto de Machado de Assis, chegando mesmo a contrariar o conteúdo da obra alegadamente simplificada.

Este louvor da simplificação em benefício dos desfavorecidos constitui uma ilusão terrível, usada, nem sempre (raramente?) com boas intenções, para se criar estatísticas de sucesso em Educação ou para se defender um acordo ortográfico.

Defender a simplificação de conteúdos eventualmente complexos é, afinal, desistir de lutar pela existência de um sistema educativo exigente e inclusivo.

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O cheque-camisola

O Paulo Guinote comentou com grande acuidade mais um texto em defesa do cheque-ensino.

O autor é mais um crente absoluto nas virtudes absolutas da concorrência e dos mercados, com Milton Friedmann no Céu e as empresas na Terra. No que respeita à Educação, trata-se de mais um ignorante tão atrevido que se torna divertido.

Como qualquer pessoa que esteja convencida de que descobriu a pólvora, recorre a comparações que lhe parecem tão óbvias que poderiam iluminar as mentes mais obtusas. Assim, para explicar que a concorrência é coisa boa, pergunta retoricamente: “Afinal, onde está o problema de alguém que vai a uma loja de roupa (comprar uma camisola), escolher a camisola que paga?”

Realmente, o problema não existe: haja dinheiro e a camisola compra-se. Devo confessar, no entanto, que recebo, todos os meses, um cheque-camisola, embora alguns lhe chamem ordenado. De qualquer modo, é graças a esse cheque-camisola que posso adquirir todo o meu vestuário. Dentro do exercício da liberdade individual, posso, até, escolher uma camisola que não me sirva e que tenha uma cor que odeie.

Já se sabe que as comparações serão sempre imperfeitas: não há nenhuma loja em que se possa experimentar várias escolas e, no fim, dizer “Levo esta.”

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