Ratton expiatório

Não consigo resistir à vaidade de saber que sou co-responsável pela descoberta de mais uma entidade simbólica no interior da selva conceptual em que procuramos sobreviver, de modo mais ou menos racional.

A acreditar no google, a expressão “ratton expiatório” só existe num texto da minha autoria. Tenho de confessar que esta descoberta só foi possível graças à perseverança de Pedro Passos Coelho, o pecador contumaz que confunde um bode expiatório com este novo espécime.

É verdade que há dois aspectos que aproximam o bode e o Ratton: lidam com os pecados alheios e são escolhidos pelos pecadores.

A partir daqui, as diferenças são enormes. Com o bode é tudo mais simples: enviam-no para o deserto e aí morre, sepultando os pecados da comunidade. Por ser animal irracional e, portanto, privado de arbítrio, livre ou outro, não protesta: carrega as culpas alheias e bodeja uns lamentos incompreensíveis.

Ratton é bicho doutro calibre douto, o que o leva a pensar pelas suas próprias cabeças. Neste momento, o seu papel é ingrato, uma vez que é a única entidade que defende a Constituição, ou seja, os cidadãos, isto é, os valores da civilização ocidental.

Passos Coelho ainda tem as chaves do Estado e tem aproveitado os últimos três anos para assaltar o país. É também por isso que podemos entrever, com a ajuda da fonética, um outro valor simbólico: é Ratton que castiga os ratoneiros.

 

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