Detenções altas

Polícias têm de prender para cumprir números

                     

          É oficial: uma das profissões de futuro vai ser a de detido, de modo a ajudar a contribuir para as estatísticas. O Ministério da Educação, aliás, deverá proceder à criação de Cursos Profissionais de Detidos e Apanhados
em Flagrante Delito. O aluno ficará certificado para poder ser um detido exemplar, proporcionando, deste modo, ao Ministério da Administração Interna a garantia de que as estatísticas de detenções alcançarão patamares de dignidade, ao nível dos maiores parceiros europeus.

         O Governo deverá, a breve prazo, encetar negociações com a Associação Nacional de Detidos e Criminosos de Pequenos Delitos para que seja publicado o Estatuto da classe. Naturalmente, estes profissionais ficarão integrados na Função Pública, tendo em conta a má opinião que a maioria dos cidadãos tem acerca deles. Prevê-se que um dos grandes problemas das negociações surgirá quando se discutir a avaliação de desempenho dos detidos, havendo uma proposta do governo para os dividir em duas categorias, com base nas detenções de que tenham sido alvo nos últimos sete anos. Alguns destes profissionais já protestaram, tendo em conta que há regiões do País onde é muito mais difícil ser detido, devido ao encerramento das esquadras de polícia, para além da diminuição de efectivos policiais nas regiões do interior.

         Um praticante desta actividade confidenciou, sob anonimato, a dias do pisco que “As pessoas não fazem ideia do trabalho que dá ser um detido profissional. É preciso preparar a detenção, de modo a que pareça que o polícia está a ter dificuldades. O senhor polícia, uma vez ou outra, lá fará de conta que nos dá umas porradas, mas tudo com profissionalismo, combinado, assim como o wrestling, mas com fatos menos coloridos, o que é pena!”

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Uma resposta a Detenções altas

  1. Rui diz:

    Isto devia ser lançado no site do Inimigo Público, porque não sendo verdade, devia.

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